Oscar Bertholdo

SEXTIMPROVISO

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO, A NOITE É
LIVRO OU VOZ,
sou circunstante mercê de todo o silêncio,
permaneço enquanto esperas, esfomeado em dúvidas
choro pouco antes da chegada, podemos contar
com uma noite para o desamor, as palavras
nem suspeitam que esta é a última ficção,
escondo temores, cheguei a querer estrelas,
deviam ver o susto de espreitar a sombra,
fez-se concêntrica a viagem, navis appellitur,
eis-me aqui com toda a minha aurora
nem tudo retomou a expressão de antes
por exemplo o martelo das horas, cabe-me mentir
e olho, conforme fosse o caso coincido
pouco antes do sinal, a noite conduz
os sonhos, é muito desagradável pesar
na lembrança de Deus, sou brutal quase hesitante
e precipitado cuido da minha idade, escondo
o cartão postal que veio da América,
rezo a reza da noite, não recordo se o vento
é sombrio, eu sabia que não devia temer,
vejo um álbum ilustrado, para a noite de novo,
como a atirar estrelas e mitos, enrubesço
até a raiz dos cabelos, fui concebido
com a manha do pecado original, quero
alcançar todas as coisas maduras, tremo e escuto-me
sinuoso desde o início, tangível, rude
e demolido pouco a pouco, estendo a mão
e abençoo, possuo o nome talhado a cru
em cada poema, pressinto a escusa o murro
faço companhia, rompo os limites, é noite
e espero uma ausência, lenta ausência
sem residência, que sotaque clássico,
sou um homem que não chora mais, tudo está
dito e a noite volta incluída em livro.