Tiago Silva Barreto

SE TUA CABELEIRA 

se tua cabeleira se soltasse aos solavancos nossos
e se estendesse em gritos pelo jardim molhado
e se a cama convulsionasse aos solavancos nossos
e nossos passos se bailassem nos confins da trilha
se a mata revolta da tua cabeleira se deitasse
nos incêndios e oceanos dos solavancos nossos
e tua lua fosse minha lua única nossa testemunha
e a terra agitasse calma aos solavancos nossos
nosso quarto se uniria ao balanço das árvores
e despentearia os cabelos dos matagais meditativos
se tua cabeleira em meus dentes por acidente
ou em minhas mãos por Precipício
se nossos cabelos trançados uns nos outros
e os olhos alinhados aos olhos
se tua boca em minha boca em terremotos
e carruagens nos desertos do tremeluzir
das velas aos sopros dos solavancos nossos
e nossas almas vestidas de incêndio, vertidas
em silêncios e bromélias e lótus preta e gritaria
nossos sons à língua dos anjos falaria
se meu suor em teu suor noturno refletindo o sol
aos solavancos nossos amanheceria o dia.