Tiago Silva Barreto

SANGRAS COMO OS PÁSSAROS

sangras como os passos das árvores outonadas no estalar dos passos sobre folhas secas
sangras como esmalte na cerca de arame farpado
sangras como santa suicida estirada no relvado
sangras temporal, avançar de nuvens, tilintar de brincos
sangras como terra molhada, corpo do dia mergulhado em barro, orgia entre passaradas e vegetações vermelhas
sangras como mel apocalíptico, falangetas, cantos noturnamente distorcidos
sangras véu na corda puxada pela violência fogosa das coisas necessárias
sangras labareda em transe despencando no cafezal da madrugada
sangras o riso do derrame
absoluto
de plena
pane.