Kauan Santos Almeida

A SÉTIMA ESPOSA

A minha sétima esposa terá no cabelo uma flor tropical
Falará o idioma dos anjos
Enquanto recita Baudelaire tomando chá.
Será menos chata que as predecessoras
Ouvirá Baden Powell e falará palavrão.
Não serei seu primeiro nem seu último homem
Serei um caminho apenas, um leito apenas
Apenas um. Eu a encontrarei triste
Fumante lendo Vinícius.
Minha sétima esposa pregará ideias de Simone De Beauvoir
E sofrerá ao ver suas amigas submissas
E sua inabilidade em admoestá-las.
Gostará de Caetano e Chico, mas reverenciará Tom Zé
E qualquer outro que soe mais crítico que poético.
Lerá meus poemas, e ao ler este, saberá da minha ridícula intenção
De subjugar o destino, de traçar um ideal longínquo
Será tenaz ao ler os seis poemas para as seis outras esposas:
Do engomadinho que fui por onze páginas,
Porém saberá que de tão ridículo, talvez eu a ame com um amor diferente do anterior.