minha carne é um largo suspiro
onde abrigo uma dessas almas insanas, vária
e a pena de um corpo estranho a mim
sobre o peso dos meus calcanhares
minha palavra secreta destrói reinos
assombra os sãos
dolorida como nunca antes
penetra o grito armado
do meu verso rouco
que vaga por milhões de ouvidos moucos
― como convencerei os brutos do meu desespero?
só o meu verso é forte
duro e altivo
por ele sou poupada
pelo segundo
que me salva e justifica
Foto de autor desconhecido.