Samara Volpony

TARÂNTULAS

meu estômago oco ronca vazios
não há dente que triture nem mandíbula
que suporte tão vil alimento

o útero seco chora a saudade do filho
que não vem
-não há raízes que me finquem
nesta terra deserdada
até as tarântulas mansamente
atravessem a rua e povoam o quarto
com sua cara de desdém.

eu, porém, inútil
entre teias que me fazem refém
guardo útero e estômago
que não tiveram a sorte que
as tarântulas têm.

Foto de autor desconhecido.