Eduardo Paiva

BONSAI


A sorte dissipada na palavra
Enquanto o instinto celebra o erro
O sol filho do vento,
Pai do encanto
Razão voraz que me come a certeza.
Chega o teu livre despertar ao entardecer
vejo os olhos de tigre
desmantelo da luz.

Retorno à sombra do silêncio.
A luz caindo e a noite lhe apresentando
Fogo, ar , terra, água,
Ela quis o ventre
Banhando-te no futuro longínquo.
Na asa da face de uma era
O raio escuro desaparece
Chego, reconheço –te

Caminho ao desconhecido
Retorno ao sol
Mundo, medo, contudo entrego-lhe
Distraio-me
Na vaga sensibilidade que o vento me traz.
me solto em pedaços e você me encontra
Tua marca é meu corpo
O frio, o cavalo perpétuo

As cascas que quebrei
O contraste que limpou o véu
O amarelo do teu brincar
Usando o fio inteiro do teu ser.
Agora eu sei ...
O vento brinca nas tuas nuvens
O sagrado se manifesta
A descoberta,

Lanço-me em tua direção
No choro que alegra o mar
E acalma teu pranto.
Teu cheiro de jasmin a me perfumar
Sinto que posso lhe dar o que jamais pensei
A herança codificada
o amanhã desabrochando na flor do olimpo

A vida aberta revelando-se.

Foto de Christian Hopkins.