há ficções da noite que se revelam pela manhã
como chagas no nosso corpo.
sei do cansaço esculpido diariamente num canto esquecido da sala.
mitos se golpeiam dentro de nós
e ferem os céus das bocas sem búfalos.
há buracos que já não transbordam
estão entupidos de demolição.
enquanto você me lê,
as chagas continuam a nascer
como uma avalanche indecente na dobra de meu joelho.
por que nunca tentei me engasgar com o cabelo
quando terminava a manhã?
vi num aplicativo de celular:
o que tenho é uma doença degenerativa,
espantos sem princípios.
o que tenho é uma doença degenerativa,
espantos sem princípios.
Foto de Patty Maher.