Lucia de Moura Chamma

VESPERTINA

Enterrei minha alma barroca,
para a travessia do Labirinto.
Não mais os caprichos, ternuras, sopros.
Quero o que existe: Carne e Morte.
A morte chegará doente ou sangrada.
De qual punhal? Não importa, virá.
Sua mira é meu fogo secreto

Entrego aos românticos o meu lugar,
e todos os belos sentimentos devotados.
Cedo-me ao gozo do desconhecido
à dor na boca mordida
à carne febril, atéia, roxa pelo ferrete
às mãos, recreio das fendas, a encharcar
ao arrepio obsceno

E sem correntes, elos, cânticos, devoções
espelho-me nos rios de dentro.
Sou crua.

Foto de Diggie Vitt.