Arlene Lopes

ALMA

Minha cabeça apoiada ao travesseiro
finge não estar solitária
está na companhia da fronha branca
está acompanhada pela feiura da palavra ‘fronha’
meu corpo em calafrios é paciente
espera por uma palavra que deite-se sobre ele
dando-lhe aconchego
vejo a situação e sinto náuseas
meus olhos tentam vomitar essa solidão congênita
tenho a mania de ser radical
e já arranquei um peito
para eliminar uma dor endurecida
coisa de mulher fodida que coleciona cicatrizes
coisa de quem tem alma.

Foto de Lindley Battle.