Arlene Lopes

À MARGEM

Ando à toa
ateia
irreprimível
dou para qualquer homem só
não gosto da imposta solidão
nem dessa gente rasa
que exala cheiro de enxofre
seguro na garganta
o grito de uma puta esquecida por deus
dessas que só recebem flores de plásticos
não aguento as palavras vazias
esse inferno que me sufoca
rasgo minhas veias
transbordo
vivo à margem
onde a vida vaza
sangro.

Foto de Joshua Hoffine.