Vlademir Lazo

SERENIDADE

A profusão de uma manhã mutilada
ou da despedida de um fim de tarde
a ventana aberta como um vasto sonho
e as cortinas velando como anjos
de asas espalmadas protegendo-a
em sua procura de autodestruição
ou de um pouco de paz.

Cerveja na mão, cannabis na boca
as meias vermelhas sobre os lençóis velhos
e usados
de baby look se estendendo na janela
o tempo milagrosamente parado
decoro da alma objeto do quarto
a face serena repousando o olhar na rua alheia
esquadrinhando em vão as calçadas
e as almas sempre solitárias
antes ou depois dela própria dar uma volta.
Porto Alegre se abre como quem oferta um abraço.