OLHAMOS, UM INSTANTE
Olhamos, um instante de forja calma na garganta, mudez, um santo come páginas de paisagem: não se calam as jarras, coisas, não se filtram estes dizeres; parcos no leite, clowns que doem ao ocaso, os lábios, anêmonas que lambem o concreto deslizante em lufadas de festim, fulguram - tristes.
Tristeza de ruína quando calamos e teus cabelos levedam na sombra uma punção. E canto, quer dizer, com afã de ressacas grifadas por cruzes e medo, lavo de rouquidão as arestas, sabes meus ganidos, ainda que reste apenas espelho quebrado para polimento, sucedo em ondas, bates o musgo na face de rocha - na sucata, surda és,
diria,
uma mímica de desespero então, louvor ao natimorto, um copo de suco virado sobre o livro, laivo, faia queimada - dancemos na fumaça, amor,
há tempo batíamos à máquina, agora pelados, a rosa manchada, guerra como símbolo (nosso, nosso): que fique claro! o palco foi alvo: bombardeio e fuligem, nos cravamos na flor utopicamente - e falhamos de falas só pra ser, com poros e ânus arranhados, a flor mesma da refrega, flama.
Me fala: cortina fechada e te
falo
que a cidade incendeia, são vozes, abre, vamos
tentar.