Maurício Borba Filho

ATLAS


É difícil estar em dois lugares
ao mesmo tempo – a mão
que cobre a noite e o dia; a
boca que acalanta o sibilo rumoroso
do mar e dá de comer à terra nua; a
perna firme que alonga o céu, epiderme
da chuva, da América à África
da Ásia à Europa, deste ao outro
ponto –
cruzar o mistério, o mapa invisível
e selvagem; estar fora do meridiano
da vista – quanta dor, dizes, quanta dor
em tudo.