Ao acordar das manhãs de outono
eu me via sufocando,
precisando sair,
fugir dos abraços,
fugir do quarto,
fugir da casa,
fugir da sua vida,
mesmo que fosse só até a esquina e voltar.
Quinze minutos de fuga era suficiente para re-estabelecer o caos dos meus pensamentos.
Nossas roupas jogadas à cabeceira da cama,
os lençóis bagunçados,
sapatos espalhados,
rádio ligado,
ventilador quebrado e
nossos corpos molhados
à derreter, vertendo desejos
a cada sussurrar,
a cada espasmo,
a cada gemido abafado,
a cada palavra cortada,
nossas bocas suturadas
com o morder dos lábios
ao gozo de nosso sexo...
A sua pele,
seu jeito de falar,
seus beijos,
sua boca,
seu sexo.
Alguma coisa sempre me fazia voltar,
por você,
por mim
ou por nós,
eu sempre retornava
ao amanhecer caótico
de meus pensamentos,
que ansiavam uma
fuga eterna...