Julio Urrutiaga Almada

LUZ NO QUARTO

As paredes do labirinto cortam-me os braços
Eu sou cada noite do meu caminho de volta.
Tudo que sou nada dos gritos que sou
E os gritos em mim, é o único que tem forma.
Os calados ou os filhos da mordaça,
Os de trancada respiração: os desafiados.
Cada Curva do Labirinto é um não eco
De vida nua e desesperançada.
As minhas mãos, pedras sonoras, não paredes,
Não estradas, não desertos, não rosas.
Pedras de um saber e sabor que não sabe
A nada. Somente ao fato de
Não serem pedras sem serem mãos
E não serem mãos senão de pedra.
Queria ter mãos de olhos de visões
Mãos alucinadas e teimosas.
Hoje quando toco a solidão
Do meu lado direito e do outro
Sinto meu tocar de mãos,
Como o desespero de dois anjos
Se roçando.
E sinto e choro e Bravo
Sigo aonde não há o que seguir
Se houvesse "Eu Paro" seria o melhor
Ainda mal sei o que me espanta tanto.
Se esse desvario dos versos mal conjugados
Ou a órbita desconexa do que vejo
Quando os olhos abro.