INCENDIÁRIOS
"Só o amor constrói",
canta Cassiano, pedindo lágrimas.
Mas aqui elas embriagam línguas
e têm cheiro de querosene.
"Joguem pedras,
segurem com força nos escombros dos edifícios obscenos
e os atirem para longe."
Um cartaz,
- colado numa parede engordurada,
assinado por autodenominados incendiários -
grita em silêncio.
Aqui se escreve com cinzas e cinismo.
O vento sopra do lado sinistro, amor verdadeiro é destruição.
Olhos pálidos são iluminados pelo sinal amarelo insistente dos semáforos de madrugada.
Ninguém mais quer viver essa vida, Cassiano.