Frank Vilar

INCENDIÁRIOS

"Só o amor constrói",
canta Cassiano, pedindo lágrimas.

Mas aqui elas embriagam línguas
e têm cheiro de querosene.

"Joguem pedras,
segurem com força nos escombros dos edifícios obscenos
e os atirem para longe."

Um cartaz,
- colado numa parede engordurada,
assinado por autodenominados incendiários -
grita em silêncio.

Aqui se escreve com cinzas e cinismo.

O vento sopra do lado sinistro, amor verdadeiro é destruição.

Olhos pálidos são iluminados pelo sinal amarelo insistente dos semáforos de madrugada.

Ninguém mais quer viver essa vida, Cassiano.