Felipe Stefani

CHEGA DE ESCREVER SEM O SANGUE

Chega de escrever sem o sangue, sem as veias explodindo.
Escreva com a morte no punho,
a guerra no coração.
A bomba atômica na mente.
Mas mente e coração são palavras chulas.
Grita com a puta da morte te socando o estomago!
Sem pau duro não há coito, sem o gozo
a buceta é seca, não há sexo, nem procriação.
Quero o próprio sangue escorrendo nas letras,
as tripas arrancadas com a mão.
O crânio explodindo ao acoite do ferro,
na guerra arcaica, viril.
As garras cegas da morte te cortando a pele,
o corpo contorcido contra o grito.
O grito, o jorro, o suicídio.
A lâmina horripilante das trevas
rasgando os órgãos, os ossos, a pele,
o acoite do desespero,
o riso de desprezo,
o punho surdo da aniquilação.
E as palavras batem na mesa sem medo.
Coito, jorro, morte, estrondo, sarcasmo.
Agora fode o cu da prostituta suja com a força de um trem.
Goza uma explosão absurda e emporcalha os bordeis da alma.
Depois gargalha, como um demente.
Arranca a sarna imunda oriunda da peste
depravada e hipócrita do seu ego
cheio de sutilezas e intenções anêmicas.
Como um matador obsessivo,
atira com ódio, com todo o rancor,
e come as tripas e as fezes da carniça podre
do antigo poeta, idólatra do adorno.
Mastiga com desprezo.

Depois morre também, no esquecimento.