Davy Nabuco

QUINQUAGÉSIMO TERCEIRO RELATO

Inundem a minha casa com a luz do Sol e um perfume doce, pra que as células nervosas me agridam com dores de cabeça impossíveis de se tolerar. Façam tombar sobre mim uma fortuna mais cruel do que esta que vem me acometendo desde que alguém perpetrou o vil engano de querer testar a sorte e abdicar do aborto. Obriguem-me a me abster de café e a repudiar a cachaça, que seja. Que seja do jeito que lhes parecer mais adequado, criaturas. Tomem por contato a minha alma e a arrastem consigo para os recônditos mais profundos do limbo, deixem-na lá isolada de qualquer contato e só lembrem-se de que existe quando for para rechaçar-lhe a vontade de permanecer se preservando pela eternidade. Não peço com um pouco mais de gentileza por achar que muita diferença não se há de fazer, mas me posto aqui complacente aos seus desejos mais doentios. Só façam com que esta maldita rede social pare de querer me mostrar como foi o meu ano, que a minha memória falha pouco e quando falha, falha com boas intenções. Na espera de que os meus apelos sejam lidos, agradeço com certo entusiasmo e, sinceramente, lhes desejo uma boa virada de ano. E um bom resto de noite.