Dália Éstes

NEON E VIOLÊNCIA 

Neon e violência. Tua barba mal feita e essa cara de filosofia tão camisa xadrez, tão rivotril, esses teus olhos contando sempre gotas de melancolia na umidade da janela, lá no alto onde você se masturba, e dorme no meio do ato, você nunca tem a merda do sêmen pra me dar, e nem assim, no isolamento você arranca de si algo com esse teu life stile de fracassado. Aí na manhã seguinte tu me convence que bebe leite com aveia batida no liquidificador, meu deus, que espécie de homem no fundo do poço bebe isso quando acorda, ou quando faz qualquer outra coisa? Você não suportava sequer a temperatura da cerveja, o culpava o câncer, mas eu sabia, eu sabia que era o teu jeito de homem impotente que não bebe, não fuma, não fode, não vive, não faz coisa alguma, a não ser uma violência que disfarça a tua incapacidade de ejacular no meu rabo.