Dália Éstes

PSICOSE

Psicose no ralo do banheiro. Eu esperando a mãe doente vir me esfaquear. Ela não vinha. Ela atrasava. Ela não viria. O nascimento é prematuro. A morte é sarcástica. Eu mesma faria o serviço. Fiz um desenho cirúrgico na minha barriga. Das trompas às pernas: o caminho era a desgraça. As sementes se acumulavam, desciam em meio à urina, entupiam o ralo, óvulos roubados de mim, óvulos que imploraram o toque da mão que me masturbava. Jogarei as trompas fora. As pernas. A barriga inteira. A boca, principalmente. Essa que não para de me contar a mesma história.